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Álvaro Esteves

É curioso. Uma das produções mais premiadas este ano por seus efeitos visuais - inclusive o Oscar - não tem o ritmo frenético dos filmes de ação ou ficção, que costumam usar e abusar desses recursos.
O tempo custa a passar para o jovem Pi, o personagem central da trama. Náufrago, perdido no Oceano Pacífico na companhia de seus medos e de um tigre, Pi tem que fazer um esforço às vezes sobre-humano para fazer o tempo passar. É uma luta contra a monotonia, só quebrada pelos embates no interior do bote, nos inevitáveis enfrentamentos com o Richard Parker, o felino de nome tão desconcertante. Aí, o "bicho pega" (literalmente) e as cenas são de fato de arrepiar.
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Mas, na maior parte da história, PI tem que usar toda sua criatividade, inteligencia, resistência física, psicológica, espiritual e sobretudo sua capacidade de aprender. Tudo para manter seu cérebro ativo e focado na sobrevivência, não se rendendo aos seus temores, nem ao lento passar das horas, minutos e segundos.

Para quem vive estressado, acelerado e reclamando que não tem tempo para nada, não deixa de ser uma lição importante estas percepções contrastantes. E não é preciso virar náufrago para sentir na pele esta outra perspectiva do tempo. Quem já teve que ficar internado num hospital - ou acompanhou de perto uma pessoa que passou por isso - sabe do que estou falando: o tempo custa muito a passar, mostrado que, de fato, este ritmo frenético hoje dominante na sociedade é algo muito relativo. Ou seja, isto tem jeito.


Álvaro Esteves é autor independente e consultor, com vários livros publicados. O mais recente, Tempo Orgânico, pode ser encontrado em nossa Livraria Virtual. O artigo acima foi extraído do blog Tempo Orgânico, publicado em 6/3/2013.

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