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Dia destes fui visitar o monumental Palácio e Convento de Mafra, em Portugal, mandado construir por D. João V no século XVIII para pagar uma promessa pelo nascimento de sua filha primogênita D. Maria Bárbara de Bragança. Lembrei-me do livro Memorial do Convento de Saramago, que gira em torno da construção destes edifícios. E, em menor escala, lembrei-me da passagem do livro Sabará 18 onde uma personagem quer nomear uma viela ou ladeira de Sabará, no Brasil, também em homenagem à Princesa da Beira, e outro personagem, revoltado, diz que ela já foi muito homenageada com a construção do Palácio de Mafra. De fato, o conjunto do Palácio e Convento é impressionante. Mas há uma preciosidade que merece destaque, sobretudo em blog que trata de livros. É a biblioteca, com um acervo de 36.000 volumes. Embora a visitação fique restrita à entrada, pode-se admirar de longe este verdadeiro repositório do saber da humanidade, como a coleção de incunábulos, obras produzidas antes do ano de 1500 com tipos móveis que imitavam o manuscrito. O Papa Bento XIV concedeu uma bula excomungando quem desviasse algum livro sem a permissão do Rei de Portugal. Bons tempos. E agora uma curiosidade. Sabem quem ajuda a conservar todos estes livros, a defendê-los dos insetos que teimam em querer devorar estas ricas páginas? Uma multidão de morcegos, que habita caixas estrategicamente colocadas e que à noite faz este trabalho de limpeza.
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Os livros antigos são fascinantes. Pude ter em mãos, em casa de minha amiga Maria Fernanda, ela própria detentora de inúmeras raridades, um livrinho editado em 1664 dedicado a ensinar como rezar o Rosário de Nossa Senhora (um doce para quem disser rapidamente a diferença entre rosário e terço).

Duas coisas me impressionaram neste livro, comparando com os mais antigos que tenho. A conservação das páginas, sem grandes deformações nem amarelados, e a clareza da impressão. Pensem bem, isto em 1664. Eram passados mais ou menos duzentos anos da impressão da primeira Bíblia por Gutenberg, que nos libertou da ditadura dos copistas. E este livrinho está lá na sala de Maria Fernanda, sem maiores cuidados, e assim há séculos em diversos outros lugares. Eu queria que meus livros impressos resistissem tanto tempo, mesmo nesta época de eBooks. Os morcegos já tenho, e eles insistem em passear pela minha casa, ao invés de se contentarem com esta Floresta da Tijuca, que deveria ser tão rica de nutrientes. Mas acho que esta é outra história. Por enquanto fiquem só com a Biblioteca de Mafra e seus livros sobre vários ramos do conhecimento que existia no mundo até por volta do século XVIII, como - por exemplo - a primeira enciclopédia de que se tem notícia (Diderot et D'Alembert).
(26 de maio de 2014)

1 Comment:

  1. Clara das Neves said...
    E será este Diderot o mesmo destes versos?
    “Penche tes lèvres sur moi
    Et qu´au sortir de ma bouche
    Mon âme repasse en toi”

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