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Este livro foi escrito há mais de trinta anos. De lá para cá, gerente virou gestor, surgiu a tal de governança corporativa, mas a prática de gestão continua fundamentalmente a mesma. Os desafios da administração no Brasil, e no mundo, tornaram-se apenas mais agudos, o uso de tecnologia nas últimas décadas foi avassalador, como já previam os autores, a globalização foi implacável com a ineficiência e alguns temas como ética empresarial e gestão da coisa pública, por exemplo, tocados de leve no texto, viraram manchete das páginas e programas policiais em 2014.

O livro tinha uma proposta instigante para a época em que foi publicado - a de que seria possível praticar um estilo brasileiro de administrar, que incorporasse algumas características nossas, que diferem daquelas de outros povos e que representassem uma vantagem competitiva. Sem nenhuma pretensão a Peter Drucker e outros clássicos do pensamento administrativo dos Estados Unidos e da Europa, os autores (pessoas comuns como se intitularam) ousaram propor que os gestores brasileiros fossem se inspirar nos apresentadores de programas de auditório, como o saudoso Chacrinha, nas escolas de samba e nas milhares de pequenas empresas existentes no Brasil.

O gestor seria um verdadeiro maestro de equipes de alto desempenho. Com as características bem brasileiras da improvisação e do bom humor. Nós já fomos capazes de realizar obras monumentais, com o talento brasileiro que parece agora desprezado e voltado apenas para o enriquecimento rápido. Tivemos ou ainda temos uma Companhia Paulista de Estradas de Ferro, uma Embraer, Itaipu, um sistema bancário altamente desenvolvido, uma indústria calçadista que conquistou o mundo, uma indústria têxtil competitiva, uma agroindústria fantástica, a maior empresa de petróleo da América Latina. Será que o sonho de quarenta anos atrás seria pura ilusão?

Este livro, escrito por Carlos G. Vieira e Álvaro Esteves, em 1984, com capa e ilustrações do cardiologista Dr. Carlos Guimarães Machado (atual ilustrador oficial do Atlas of Human Anatomy), recebeu o Prêmio Brahma de Administração daquele ano e ainda pode ser encontrado em alguns sebos brasileiros. Merece ser revisitado em tempos tão sombrios.

(2 de janeiro de 2015)

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2 Comments:

  1. Paulo said...
    Nossa, que falta fazem os gerentes animadores. Aprendi com um que o verdadeiro gerente não é capataz, não contabiliza o trabalho dos outros. Ao contrário, o verdadeiro gestor, gerente, coordenador ou "chefe" está a serviço de sua equipe, mantendo-a "alimentada", equipada e motivada a fazer o seu trabalho.
    vececom said...
    De fato, Paulo, as equipes de alto desempenho exigem líderes igualmente preparados para esta tarefa. Neste livro os autores tipificaram aquilo que se poderia chamar de "gerente antigo", apenas preocupado com o exercício do poder e com sua própria carreira. Não há mais espaço para eles no mundo de tanta mudança tecnológica. Obrigado por seu comentário.

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