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Confesso, com algum constrangimento, que li este livro na sua primeira edição (passou da vigésima). Sinal de que já estou há um bom tempo nesta estrada. O livro andou comemorando 60 anos este ano. Levei um susto, porque eu era apenas um menino quando o li, e parece que foi outro dia. O autor Mário Palmério, cujo centenário de nascimento foi comemorado em março de 2016, enviou um exemplar de presente para meu irmão mais velho, e eu rapidamente tratei de devorar o livro antes de todo mundo. Nunca me esqueci do personagem Xixi Piriá.

Mário Palmério, que nasceu em Monte Carmelo e morreu em Uberaba, no Triângulo Mineiro, me parece ter sido uma pessoa extraordinária. Como escritor, de apenas dois livros publicados, foi sucesso absoluto já na estréia. Entrou para a Academia Brasileira de Letras exatamente para ocupar a cadeira de Guimarães Rosa, outro mineiro regionalista. Mas o que me chama mais atenção em sua trajetória de vida foi a criação de escolas. Em Uberaba lá está a universidade que deve a ele o seu início, além de hospital e colégios. Foi nosso embaixador junto ao Paraguai, no governo João Goulart. Foi deputado federal por três legislaturas. E, curiosamente, morou vários anos em um barco na Amazônia. Uma vida muito diferente das pessoas comuns.
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O livro Vila dos Confins é uma delícia. Cheio de termos e expressões regionais (como levou quem trouxe e a tal de poaia que minha mãe queria me dar e eu urrava para não colocar na boca), mostra o interior como ele era pelo menos até a década de 50 do século XX. Alguns dirão como é até hoje, sem tirar nem por. Mostra a política brasileira e os políticos, estes que há algum tempo parecem necessitar de uma profunda reforma. A tal reforma política, de que falavam Miro Teixeira e Cristovam Buarque dia desses na TV.

Outro personagem, apesar de secundário, que me encantou neste livro, tão rico em descrições e pormenores, é o galo velho João Fanhoso, que canta fora de hora e tem canto rachado de taquaraçu. E tem também a fazenda do Boi Solto, tão igual às fazendas da minha infância (leia a postagem Velhas Fazendas do Sul de Minas). Com direito à sensual dona Maria da Penha, a personagem feminina que faltava nas primeiras páginas do livro. E a descrição do tempo? Enfarruscado, ventoso. Só Clarissa entenderia.

Para quem nunca leu, vale a pena procurar um exemplar, e para quem já leu algum dia, releia. Um clássico brasileiro, sem a menor sombra de dúvida.

(25 de setembro de 2016, data de aniversário de Carmélia Pereira Teles, a mais fiel de nossas leitoras)



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