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Passo por elas, quase todos os dias, nas minhas caminhadas pelas ruas do bairro. Praticando o mindfulness, para acalmar a mente. E me ponho a observá-las, enormes, portentosas, algumas ultrapassando a cota dos edifícios. Com múltiplos galhos, parecendo novos troncos já envelhecidos, avançando sem pudores pelas janelas e sacadas. Aqui em casa me alertam para ter cuidado com os frutos, que teimam em cair sobre as cabeças dos transeuntes, e costumam fazer estragos.

Leio que os moradores do Leblon reclamam, dizem que não entendem por que plantaram árvores tão grandes, umas se juntando às outras, copas enormes que tiram o sol dos apartamentos. Drummond, com sua perspicácia de poeta, e mineiro, exaltou as amendoeiras (de Copacabana, suponho), com a famosa crônica Fala, amendoeira. Da minha parte, contento-me em admirá-las. Muitas delas com lindas orquídias atreladas ao tronco, que os porteiros tratam de manter vivas eternamente. E se, por acaso, fenecem, são trocadas por outras. Acho que o bairro assim fica mais humanizado, as ruas menos agressivas e as buzinas menos irritantes. Não acho que os urbanistas tenham escolhido mal. Façam uma caminhada, ao acaso, pela Rua Almirante Guilhem e vejam a beleza destas árvores. Vão concordar comigo.

Carlos G. Vieira  

(22 de junho de 2024)

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