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    Aqui a Igreja refere-se às igrejas de Minas, aquelas muito antigas, do século XVIII em diante. Livro publicado este ano, de autoria de Mauro Monteiro. Começo pela Igrejinha (o autor chama de Capela) de Nossa Senhora do Ó, um dos cenários do livro Sabará 18, aqui em nossa Livraria Virtual. E, também, da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, ambas em Sabará. O autor nos ensina que a Igreja de Nossa Senhora da Conceição é uma das mais importantes do período 1700-1730, e constitui um belo exemplo de retábulo no estilo Nacional Português, com toques do estilo joanino.

    Uma vez, estando em quarto de hotel em Portugal, vejo um programa na TV falando da Igreja do Colégio dos Jesuítas nos Açores (Ponta Delgada), e o narrador explicava que o estilo adotado nas pinturas só existia ali e em Sabará. Levei um susto. Referia-se, naturalmente, à Igrejinha do Ó. Mas também se aplica à Igreja Matriz. Explica Mauro Monteiro, com relação à Igrejinha, que "O arco do cruzeiro é decorado com estampas com motivos orientais, as chinesices." 

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A resposta é sim. Certamente. Os livros de arte são maravilhosos e merecem um lugar especial em nossas estantes. Estes, com certeza, não são candidatos a serem publicados no formato de eBook. Eles precisam ser tocados, folheados, cheirados, admirados. Em múltiplas cores, e abordando assuntos diversos. Tentei colocar aqui alguns que temos conosco e que foram comprados ao longo dos anos. Espero que gostem.
O anúncio da Editora Cosac Naify, conhecida por publicar livros de arte, de que vai encerrar suas atividades é uma notícia triste. Quando perguntado pela repórter qual o legado que deixa, Charles Cosac pensou bastante e só conseguiu dizer corajosamente e travado pela emoção, "o amor pelo Brasil". Coisa que anda tão em falta nestes tempos difíceis.

(27 de novembro de 2015, esperando Bianca)





Foi ainda na década de 80, faz muito tempo mesmo, que fizemos uma incursão à cidade do Serro, em Minas Gerais, na fantástica companhia de Lucílio e Leyla. Como lembrança desta nossa visita recebemos de presente o livro de Tom e Thereza Maia, com texto de Miguel Lins, cuja capa está aí ao lado. O Serro é a origem mais remota que conhecemos da família Pereira de Carmélia e Carmencita, e possivelmente dos Prado de Nelson Luiz. Terra do bravo Gomes Carneiro, que deu nome à rua onde morei alguns anos em Ipanema. Mas, principalmente, é a terra de juristas como Edmundo Lins e Pedro Lessa, dos Nelson de Sena, dos Ottoni, de João Pinheiro e do professor Aurélio Pires. Todos fazendo parte daquelas chamadas famílias governamentais de Minas, como escreveu Cid Rebelo Horta.

A cidade é pequena, mas com relíquias respeitáveis. Tenho aqui na parede uma enorme foto da casa da Chácara do Barão do Serro, que é como chamam a uma mansão senhorial do século XIX hoje bem preservada, e que pertenceu à família Ferreira Rabelo. Esta foto me foi dada por meu irmão mais velho, encantado com o entusiasmo que demonstrei ao voltar do Serro pela primeira vez.

O serrano Joaquim Felício dos Santos (1828-1895) escreveu o livro Memórias do Distrito Diamantino da Comarca do Serro Frio, que é um relato minucioso da exploração do diamante e do ouro na época colonial. Mas que comarca era essa? Em 1778 existiam quatro comarcas nas Minas Gerais: Vila Rica, Sabará, Serro Frio e Rio das Mortes. A comarca do Serro Frio era enorme, com sede no Serro (antiga Lavras Velhas), e incluía o distrito diamantino, vales do Jequitinhonha e Mucuri, até o limite com a capitania da Bahia e Goiás (inclusive as Minas Novas). Estariam incluídos, por exemplo, os atuais municípios de Bocaiúva, Diamantina, Montes Claros, Rio Pardo, Grão Mogol, Minas Novas, Salinas, Capelinha, Teófilo Otoni, Peçanha, Guanhães, Araçuaí e Januária, entre outros.

O livro sobre a Vila do Príncipe mostra várias atrações do Serro, além do famoso queijo do Serro. São desenhos de Tom Maia a bico de pena, de grande sensibilidade artística. Por exemplo, são mostrados: uma vista do Serro desde o Bota-Vira ou Pau-Comeu, a Praça João Pinheiro (antiga Cavalhada), Igreja do Carmo, os sobrados da Rua da Cavalhada, Beco da Purificação, Solar do Barão de Diamantina, Matriz de Nossa Senhora da Conceição, Rua Direita, Igreja de Matosinhos e casa dos Ottoni, Igreja de Santa Rita (com sua escadaria), Rua do Corte. E muitos outros desenhos. Vale a pena conhecer.

Tom e Thereza são também autores de um elenco enorme de livros que retratam cidades antigas no Brasil e em Portugal.

Agora queria falar um pouco do texto primoroso de Miguel Lins (Miguel Monteiro de Barros Lins, advogado e jornalista), nascido em Belo Horizonte, morador no Rio de Janeiro (falecido em 1995), mas com muitas raízes serranas. Ele descreveu, com rara inspiração, como o espírito mineiro permeia tudo o que se refere ao Serro e a seus habitantes. E como este espírito difere das outras regiões brasileiras por sua singularidade de isolacionismo desde os tempos coloniais. Segundo uma definição atribuída a Afonso Arinos de Melo Franco, “ser mineiro é ter uma enorme paciência com o resto do Brasil”. Transcrevo do livro de Miguel Lins este parágrafo, que assino embaixo.

“Por mais que se tenham projetado fora de Minas, em todo o Brasil, os mineiros conservam um   apego especial à cidade natal, ao berço inesquecido. É a vocação municipalista, a que se referiu Ângelo Oswaldo, que saiu de Paris para uma visita diretamente a Conceição do Mato Dentro e ao Serro do Frio. A opulência arquitetônica da Europa não ofuscou seus olhos a ponto de não ver a beleza da chácara do barão do Serro, que ele considera das construções mais lindas que o século passado deixou em Minas. E contudo está vazia, abandonada. Segundo o arquiteto Sylvio de Vasconcellos, a casa do barão do Serro é exemplar indispensável ao estudo da arquitetura mineira: descansado, amplo, bem situado no terreno e cercado de jardins e pomares extensos que, infelizmente, não se conservaram integralmente”.

Chácara do Barão do Serro (foto Wikimedia Commons)

O Serro do Frio é mencionado algumas vezes no romance Sabará 18, cuja história se passa no século XVIII (daí provavelmente o nome), encontrado aqui em nossa Livraria Virtual.

Quer ler um pouco mais sobre famílias mineiras, e suas relações com portugueses, italianos, paulistas e baianos?

"O meu pai era paulista
Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano
Meu maestro soberano
Foi Antonio Brasileiro"
(Chico Buarque)




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Foi Clarissa, com aquela sensibilidade caraterística, quem me introduziu à edição patrocinada pelo Governo de Minas Gerais do álbum "Cartões de Guignard para Amalita". Alberto da Veiga Guignard, a quem foi dedicado o Museu Casa Guignard (Ouro Preto), foi um dos mais expressivos pintores modernistas do Brasil. Quando tinha 36 anos apaixonou-se por uma moça do Rio de Janeiro, de nome Amalita Fontenelle, e para ela desenhou e pintou muitos cartões pelos mais variados motivos, cartões estes que nunca foram entregues. Por algum motivo desconhecido coube a Oswald de Andrade e a seus herdeiros preservarem este acervo maravilhoso. A coleção, em determinada época, foi oferecida ao Museu e deu origem a uma primorosa edição, infelizmente esgotada. O álbum "Cartões de Guignard para Amalita" é a prova concreta do que pode fazer o Governo para apoiar realmente a Cultura. Nós todos ficamos devendo a Eleonora Santa Rosa e Priscila Freire, e aos patrocinadores, a preservação de um patrimônio cultural riquíssimo. Será que ninguém quer fazer coisa parecida com Sabará?

(25 de setembro de 2012)

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