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Amaury Temporal, falecido em 2015 em Paris, fez uma coisa que muita gente gostaria de fazer. Um tipo peculiar de turismo. Durante vários anos alugou uma casa no interior da França (cada ano em um povoado diferente) por cerca de 30 dias e dedicou-se a vivenciar intensamente cada um destes lugares. Sua comida, seus habitantes, suas casas, os arredores. Depois, colocou tudo em livro. O período de viagem coincidia sempre com o fim de ano, o que lhe permitiu participar de comemorações familiares de pessoas que nunca tinha visto antes. Uma experiência incrível, dele e de sua esposa Maggy (que também escreve alguns capítulos, e se refere ao marido como Tempo).

Este livro Como um rei na França, editado em 2011 pela Editora Record, relata suas experiências em regiões tão diversas como a Alsácia, Normandia, Borgonha, Vale do Loire e outras. Ele explica que tudo começava por volta de julho, com pesquisas para escolher um determinado lugar, que fosse no interior da França, fosse uma casa equipada, numa localidade pequena. Escolhido o alvo daquele ano, passava aos anúncios de casas para alugar, descartando a maioria até chegar naquela que lhes parecia mais adequada.

Então, começava a viagem por Paris, hospedando-se sempre no mesmo hotel, alugava um carro pelo sistema de leasing e começava um mês de intensas aventuras em um local totalmente desconhecido. E, pelo que relata, sempre se propunha, ao ser convidado para jantar em algum de seus vizinhos, levar um cassoulet no estilo autêntico de Castelnaudary, imagino que para total surpresa dos convivas.

O livro é uma delícia de se ler, com fotos de cada um dos lugares e das casas que alugaram. Quando cheguei ao final de seu relato da casa na Normandia, tratei logo de comprar um Calvados Pays d'Auge.

Carlos G. Vieira

(26 de outubro de 2023, em homenagem a um menino muito querido nascido nesta data)

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    Aqui a Igreja refere-se às igrejas de Minas, aquelas muito antigas, do século XVIII em diante. Livro publicado este ano, de autoria de Mauro Monteiro. Começo pela Igrejinha (o autor chama de Capela) de Nossa Senhora do Ó, um dos cenários do livro Sabará 18, aqui em nossa Livraria Virtual. E, também, da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, ambas em Sabará. O autor nos ensina que a Igreja de Nossa Senhora da Conceição é uma das mais importantes do período 1700-1730, e constitui um belo exemplo de retábulo no estilo Nacional Português, com toques do estilo joanino.

    Uma vez, estando em quarto de hotel em Portugal, vejo um programa na TV falando da Igreja do Colégio dos Jesuítas nos Açores (Ponta Delgada), e o narrador explicava que o estilo adotado nas pinturas só existia ali e em Sabará. Levei um susto. Referia-se, naturalmente, à Igrejinha do Ó. Mas também se aplica à Igreja Matriz. Explica Mauro Monteiro, com relação à Igrejinha, que "O arco do cruzeiro é decorado com estampas com motivos orientais, as chinesices." 

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 Com todo respeito, é preciso resgatar o Rio de Janeiro de antigamente. Chega de notícia ruim. Hoje fui até a Rua Teixeira Mendes, no alto de Laranjeiras, um recanto bucólico, e fiquei pensando nisso. O livro de Jô Soares (publicado em 2011), As Esganadas, mostra muito deste Rio que amamosDescontraído, alegre, bonito.
 Um dos cenários do livro é o Beco dos Barbeiros, construído no século XVIII, junto com a Igreja do Carmo. Fica entre a Rua Primeiro de Março e a Rua do Carmo propriamente dita. Ganhou este nome porque era onde diversos barbeiros de rua ficavam à espera dos fregueses e exerciam seu ofício na época colonial. Já teve outros nomes, mas foi o Governador Carlos Lacerda que, finalmente em 1965, restaurou a antiga denominação. Hoje é mais conhecido como o endereço do restaurante Escondidinho.
  No livro de Jô lá ficava uma botica de um paraguaio que se dizia indiano e que vendia umas estranhas pílulas para emagrecer ou engordar, conforme o desejo da ilustre freguesia. E é de lá que surge, na penumbra, um dos personagens mais interessantes do livro, o português Esteves (sem metafísica) que teria sido amigo de Fernando Pessoa, para dar um fim à história.
  Uma vez fui a uma missa na Igreja do Carmo e, ao chegar, notei que a sola do meu sapato estava despregando. Passei a missa toda agoniado pensando onde encontraria um sapateiro aqui no centro da cidade para quebrar meu galho. Acertou. Foi lá mesmo no Beco dos Barbeiros que um sapateiro solícito, daqueles que sabem como meu amigo Sarmento o que é sovela, acabou com a minha angústia em dois tempos.
  O livro cita muitas outras relíquias desta nossa cidade, como o Teatro Municipal e a capela do Mosteiro de Nossa Senhora dos Anjos da Porciúncula, na Rua do Jequitibá (na Gávea), onde nossos netos foram batizados. Viva Rio!
(7 de outubro de 2017)


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Uma vez em Montevidéu apanhamos um táxi aleatoriamente e logo o motorista percebeu que éramos brasileiros. E disse que conhecia pouco do Brasil, mas acrescentou: "Hay una ciudad que me encanta, San Juan de Buena Vista." Eu respondi, surpreso: "Tá brincando? Vou para lá mês que vem."
Qual a probabilidade de um taxista, em Montevidéu, conhecer a cidade do interior do Estado de São Paulo chamada São João da Boa Vista? Todos concordarão que deveria ser zero. E de encontrar um brasileiro que não apenas conhecia, mas iria para SJBV no mês seguinte? Esta possibilidade, matematicamente, não existe.
Agora leio aqui no O Globo que SJBV encabeça as 50 melhores pequenas cidades brasileiras para se envelhecer. Concordo. Por lá passei diversas vezes, a primeira delas quando tinha seis ou sete anos de idade. Está relatado no livro  Armazém Colombo (em nossa Livraria Virtual). Depois tive o prazer de ser ciceroneado por Lourdes e Rogério, várias vezes, e de me hospedar na chácara paradisíaca que eles tinham nos arredores da cidade. Tive oportunidade de conhecer por dentro o fantástico Teatro Municipal, inaugurado em 1914, e agora totalmente restaurado, depois de uma fase de quase abandono. Já é uma tradição a "Semana Guiomar Novaes", em homenagem à grande pianista nascida em São João. Quando se espantam aqui onde moro com meu entusiasmo por SJBV respondo sempre que "lá sou amigo do rei".


(7 de maio de 2017)

Poucos viajantes vão a Roma e têm tempo, ou disposição, para conhecerem no Trastevere o palácio (atual Palácio Corsini) onde viveu os últimos anos de sua vida a Rainha Cristina da Suécia. Isso no século XVII. Agora, pergunto: qual rainha da Suécia você consegue dizer o nome assim de pronto (tirando a Rainha Sílvia, que viveu alguns anos no Brasil)? A Rainha Cristina consegue ser motivo de discussão até hoje. Precursora do feminismo e da liberdade da mulher, para espanto de seus contemporâneos.

Cristina, uma figura intrigante, feita rainha aos seis anos de idade pela morte do pai, coroada aos 18, pupila de Descartes, que nunca quis se casar, e que abdicou do trono aos 28 anos (em 1654). Já começa que chocou a sociedade da época porque insistia em usar roupas masculinizadas. Quiseram que ela se casasse com um primo, e ela preferiu transferir-lhe o título de rei, para não ter que passar pelo dissabor de casar-se. Escreveu cartas apaixonadas para uma certa Duquesa Ebba Sparre, sua amiga inseparável.

Uma das razões alegadas para a abdicação foi que decidiu converter-se ao catolicismo, num país rigidamente luterano. O Papa Alexandre VII, em Roma, aplaudiu intensamente e considerou esta uma vitória sua contra o movimento da Reforma Protestante. Depois disso nunca mais uma mulher pode ser sucessora do rei na Suécia.
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Ninguém, absolutamente ninguém, poderá dizer jamais que foi à cidade do Porto se não passou, entrou e apreciou o Majestic Café, na rua de Santa Catarina. Contam que uma vez perguntaram a Juscelino Kubitschek, em plena Confeitaria Colombo, na rua Gonçalves Dias (Rio de Janeiro), o que mais havia gostado em uma visita recente a Portugal, e ele ele respondeu: "o Majestic... afinal também sou filho de Deus."
Fundado na década de 20 do século passado, o Café, inicialmente, recebeu o nome de Elite, como aquele que existiu na rua da Bahia, em Belo Horizonte. No ano seguinte, mudaram para Majestic, mais ao estilo francês. A minha admiração pelo Majestic vem de longa data. Uma vez amiga minha, retornando de viagem a Portugal, fez questão de me trazer saquinhos de açúcar do Majestic, para provar que lá estivera, como eu havia lhe recomendado. Estão aqui até hoje, intocáveis.
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O famoso livro de Umberto Eco "O Pêndulo de Foucault", que alguns críticos consideram como excessivamente erudito e de difícil leitura, começa com o personagem Casaubon se escondendo em um periscópio dentro do Musée des arts et métiers, no Marais (Paris), para tentar encontrar seu amigo Belbo e possíveis Templários. É lá que está o Pêndulo de Foucault original, e o laboratório de Pasteur, junto com cerca de 80.000 objetos dos mais variados tipos que atestam a evolução das máquinas, modelos e ferramentas desde o século XVIII.
O museu, anexo ao Conservatoireque abriga uma das mais antigas escolas de engenharia da França, ocupa o espaço do que foi a igreja católica de Saint-Martin-des-Champs, fazendo parte de  uma abadia beneditina do século XII. Esta igreja foi ocupada durante a Revolução Francesa em 1790, e tornou-se depois o repositório que deu origem ao museu, aberto oficialmente em 1802. Você pode fazer uma visita virtual ao Musée e conhecer as diversas coleções clicando aqui (através do Google Cultural Institute).

(SRombauts at French Wikipedia - photo by SRombauts)
(18 de janeiro de 2016)

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Uma cidade pouco conhecida dos brasileiros em geral, e paradoxalmente tão perto de nós, é Quito, capital do Equador. Esta que é uma das mais antigas cidades das Américas, patrimônio cultural da humanidade, chamada de Reino de Quito em 980 A.C. e que fez parte do império Inca, tem histórias e personagens comoventes.
Edgar Freire Rubio é um caso curioso de livreiro tornado escritor. Nascido em Quito em 1947, de  origem humilde e família de muitos filhos (seu pai era sapateiro), foi desde muito cedo trabalhar na Livraria Cima, esta mesma onde comprei há muitos anos o livro ao lado, em sua terceira edição. Lá, segundo depoimento dele próprio, aprendeu a amar os livros. Trabalhou nesta livraria por 35 anos, e depois mais dez na Libreria Española. Tornou-se, com o tempo, um escritor e historiador. O livro organizado por ele com o título de Quito - Tradiciones, Testimonio y Nostalgia mereceu muitas edições. Atraiu-me, inicialmente, a crônica "Hubo una vez un niño", texto de Susana Cordero. Depois, "O Enigma de Quito" de Benjamín Carrión, "Manuelita Saenz" de Germán Arciniegas e muitas outras histórias. O livro é uma coletânea de artigos, lendas e crônicas, de diversos autores, sobre a vida e os personagens de Quito. Segundo Edgar Freire uma tentativa de manter vivas, para as novas gerações, as tradições da cidade. Só um bibliófilo poderia fazê-lo. Por sua relevância para a vida cultural de Quito, Edgar Freire recebeu a alcunha de "librero de la ciudad". Merecidamente.
(23 de outubro de 2015)

E, por falar em livreiro, visite também nossa Livraria Virtual. Tem até livro de graça.

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Lendo o último e excelente livro de Washington Conceição, A Califórnia e Nós, em que o autor dá prosseguimento às suas memórias, lembrei-me com certa nostalgia do Norman Rockwell country, na Costa Leste dos Estados Unidos, que conheci de perto em certa época.

Lembrei-me de que eu era ainda um menino e corria para ler na biblioteca Thomas Jefferson o último exemplar do Saturday Evening Post, cujas capas eram sempre produzidas por Norman Rockwell, para mim a quintessência do artista e ilustrador americano. 

Lá em Stockbridge, Massachusetts, numa concessão ao menino que fui um dia, visitei o Museu Norman Rockwell, ainda instalado na casa de esquina da Main Street onde penso que morou e trabalhou o artista. Hoje o museu mudou de lugar, para instalações modernas, permitindo que o acervo possa ser visto de forma mais amigável, digamos assim, pelo visitante. 

Ali perto, caminhando, passei pela The Red Lion Inn, uma das mais antigas pousadas em operação ininterrupta nos Estados Unidos (mais de 200 anos), retratada magistralmente por ele. Norman Rockwell nasceu em New York, morou em New Rochelle, NY, mas um dia mudou-se para Stockbridge, e de lá produziu suas obras durante 25 anos.

Quem quiser poderá ver aqui alguns trabalhos do artista Norman Rockwell.
(30 de junho de 2015)

Se tem uma história que sempre me deixou intrigado, dentro das tragédias, escândalos, maledicências e lendas da História de Portugal, além das muitas epopeias, foi o caso do chamado Processo dos Távoras. Já abordei aqui neste blog que até atribui-se a construção do nosso Santuário do Caraça, em Minas Gerais, a um Távora que fugiu para o Brasil. Seria o lendário Irmão Lourenço, que teria chegado lá em Minas em 1770.
Ano passado, indo a Lisboa, fiz questão de conhecer o Marco do Chão Salgado. Está ali, escondido em um beco, nas proximidades dos Pastéis de Belém. Pedi à Camila, que me acompanhou nesta incursão, que o fotografasse para a posteridade.

Em 1758, reinava em Portugal D. José I, aquele cuja estátua equestre está bem no centro da Praça do Comércio, na Baixa Pombalina. Isto foi depois do terremoto de Lisboa, e o rei havia decidido morar em tendas montadas na Ajuda, com todo o conforto e mordomia. Pelo que dizem as más línguas, voltava El-Rei, incógnito e sem escolta, de uma visita amorosa a uma certa senhora casada, e foi vítima de um atentado, ao qual sobreviveu com alguns ferimentos e um grande susto. Este acontecimento foi logo classificado como uma tentativa de regicídio, numa época em que se afirmava um absolutismo tardio em Portugal.

Começam aí várias indagações. Teria mesmo sido um atentado a El-Rei, que viajava incógnito e sem escolta, tendo como companhia apenas o cocheiro? Quem seria esta senhora visitada pelo monarca, furtivamente? Consta que era uma Távora, e dizem os relatos da época que isto não constituia exatamente uma novidade. O futuro Marquês de Pombal assumiu as investigações e rapidamente encontrou os supostos autores do atentado, que confessaram, sob tortura, terem sido aliciados por um Távora, aliado ao Duque de Aveiro. Ora, acontece que o Duque de Aveiro em particular e a alta nobreza estavam contestando a centralização do poder nas mãos do rei, e a excessiva liberdade para decidir os assuntos do Reino por parte de Sebastião José de Carvalho e Melo. Hoje diríamos que o Duque de Aveiro era uma pedra no sapato do Marquês de Pombal. Um processo sumário, eu diria sumaríssimo, decretou a morte dos Távoras, inclusive mulheres e crianças, e do Duque de Aveiro, familiares e serviçais. O Palácio do Duque de Aveiro, localizado no sítio onde hoje se encontram os famosos Pastéis de Belém e arredores, era um edifício maior do que o Palácio Real. Foi totalmente arrasado.Vejam a pintura aí abaixo só para terem uma ideia.
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Meu compadre Otávio me avisa que está de partida para a região do Douro. Vai voltar às raízes, visitar a Quinta da Porta Caseira, dar um abraço em tio Artur, cujos vinhos temos degustado em vários almoços de nossa confraria. Digo-lhe que estou com inveja, e que a inveja mata. Mas, em compensação, acabo de receber de presente este lindo livro de António Barreto sobre as coisas e a gente do Douro, uma nova edição revista e ampliada de 2014. O nome da editora, por si só, já chama a atenção - Relógio D'Água. Segundo o próprio autor, um sociólogo, metade do livro é constituída de fotografias. Tiradas por ele próprio ao longo de muitos anos e outras de patrimônio, muito bem selecionadas por Ângela Camila Castelo-Branco. E quando falamos da região do Douro é preciso mencionar uma singularidade, como aponta o autor. O Vinho do Porto. Este extraordinário produto das vinhas plantadas ao longo do rio e trabalhado pela gente das vinícolas desde sempre. Aqui em casa este ano teremos uma pequena cerimônia que nos fala ao coração. Vamos fazer a entrega de uma garrafa de Vinho do Porto Vintage 2010 a meu neto mais velho, para que seja aberta daqui a muitos anos, talvez no nascimento de seu primeiro filho. Em seguida, abriremos um vintage da safra de 1975. Aqui cultivamos esta tradição, que herdamos de nossos antepassados.
O livro de António Barreto é uma preciosidade. Vale a pena procurar por ele em alguma livraria.
(Livro Douro - rio, gente e vinho, António Barreto, ed. Relógio D'Água, 2014)
(3 de abril de 2015) 

Dia desses almoçando com amigos, Wandyr me perguntou se conhecia algum destilado de jabuticaba. Então, lembrei-me da cachaça de Catas Altas que Carmencita me deu de presente há alguns anos, exatamente para me provar que ela existia. Wandyr, viticultor em Mendoza, Argentina, onde produz vinhos de excepcional qualidade talvez se surpreenda em saber que em Catas Altas, na região do minério em Minas Gerais, também produzem vinho de jabuticaba há muitos anos. Aliás, a tradição vinícola da cidade vem desde o século XIX, quando o Monsenhor Mendes, vigário que chegou ao arraial em 1868, introduziu a cultura da vitis vinifera e a produção de vinho ao estilo do Velho Mundo, revitalizando a economia da região, fragilizada com o fim do ciclo do ouro. Em 1949 um agricultor local iniciou a produção de vinho a partir da fermentação da jabuticaba, esta sim uma fruta tipicamente brasileira. Hoje são muitos os produtores de vinho de jabuticaba, de maneira quase artesanal, o que enseja a realização da Festa do Vinho de Catas Altas, já na sua décima quinta edição em 2015 (no mês de maio).

Agora uma pequena historinha sobre João Batista Ferreira de Sousa Coutinho, o primeiro Barão de Catas Altas. Foi riquíssimo. Dono da mina de ouro do Gongo Soco, que depois vendeu aos ingleses. Contam que quando D. Pedro I visitou pela primeira vez Ouro Preto ele ofereceu ao imperador e sua comitiva um jantar, em que a baixela era toda em ouro. Ao que D. Pedro observou que nem no Palácio de Queluz existia aquilo. Ato contínuo foi-lhe oferecida a baixela completa de presente, e ele na maior sem cerimônia mandou embrulhar e levar para o Rio de Janeiro. Continuava o saque de Minas Gerais. O Barão de Catas Altas morreu na miséria, assistido apenas por dois de seus escravos.

(Foto do Centro Histórico de Catas Altas-MG de autoria de Lucia Coelho. Licenciado sob CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons.)
(16 de março de 2015)

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Conheça os nossos livros na Livraria ou veja só alguns que versam sobre a vida em Minas Gerais.

Sou de um tempo muito antigo, quando a Sorveteria São Domingos, Avenida Getúlio Vargas com Rua Santa Rita Durão em Belo Horizonte, ainda tinha um seu Domingos jovem, sentado no caixa. Eu fui aluno do Grupo Escolar Barão do Rio Branco, depois de ter passado pelo Bueno Brandão. Belo Horizonte era uma cidade pacata, as pessoas eram todas conhecidas, todo mundo morava em casas. Aquele estilo de casas do início do século vinte, com varandas laterais. Como aquela remanescente ali perto, hoje transformada no restaurante Maria das Tranças. A gente saia em bandos depois das aulas, e sempre dávamos uma passada pela sorveteria. A pergunta invariavelmente era a mesma : "Seu Domingos, tem sorvete de quê?". E ele começava uma lista enorme assim "tem sorvete de taioba, disso e daquilo". A gente ria. Que coisa mais maluca fazer sorvete de taioba. O velho Domingos não se cansava desta brincadeira. A sorveteria está ali, segundo me dizem, desde 1938. Na mesma casa, na mesma esquina. Começou quando a avenida ainda se chamava Paraúna, vejam só. Era um ponto obrigatório nas tardes de domingo, na minha juventude. Ali nós iamos, sem nenhuma pressa, com nossas namoradas e mesmo sem elas. Longas filas para fazer a mesma pergunta de criança. Foi nesta mesmíssima Rua Santa Rita Durão, um pouco lá para cima, entre Contorno e Maranhão, que ficava a casa onde nasci. Podem acreditar. A gente nascia em casa. Nada de perinatais, como vai fazer o Joaquim daqui alguns dias. Mais histórias daquele tempo podem ser lidas no livro Armazém Colombo, aqui em nossa Livraria.
(6 de dezembro de 2014, em homenagem à Dona Mariana, que me deu a vida)
Foto do autor

Uma vez sugeri à Camila, então procurando uma nova morada em Lisboa, que escolhesse alguma coisa na Rua das Janelas Verdes. Pode existir algo mais poético do que morar numa rua destas? Só comparável à pequena Rua Corcovado, aqui no bairro do Jardim Botânico, onde morou Marília, e em cuja esquina com Lopes Quintas nasceu Vinicius de Moraes.

"Sur le penchant de quelque agréable colline bien ombragée, j'aurais une petite maison rustique, une maison blanche avec des contrevents verts." (Jean-Jacques Rousseau)

Na Rua das Janelas Verdes fica o Museu Nacional da Arte Antiga, em palacete que pertenceu aos Távoras, aquela mesma família defenestrada pelo Marquês de Pombal depois da tentativa de assassinato do rei D. José I (quando voltava incógnito de um encontro amoroso justamente com uma Távora). Este belo edifício do século XVIII foi então levado a leilão e arrematado por ninguém mais nem menos do que o irmão do próprio Marquês de Pombal, que por sua vez acabou herdando a propriedade depois da morte daquele. O tempora o mores, já dizia Cícero.

Ele já foi conhecido como Palácio das Janelas Verdes, e nele residiu e faleceu D. Amélia, Imperatriz do Brasil, última esposa de D. Pedro I.

Agora, uma curiosidade que nos liga a este palacete. O lendário Irmão Lourenço, a quem se deve a devoção a Nossa Senhora Mãe dos Homens no Caraça, em Minas Gerais, seria - segundo a versão mais aceita atualmente - membro da família Távora que conseguiu escapar do braço forte do Marquês de Pombal, e que acabou refugiado no Arraial do Tejuco (a atual Diamantina), de onde partiu para fundar um Santuário e uma Irmandade no Caraça, precursores do famoso Colégio, onde tantos mineiros ilustres estudaram. O infortúnio dos Távoras é citado no livro Sabará 18, em nossa Livraria Virtual.

Na Rua das Janelas Verdes fica também um casarão, hoje transformado em hotel, que segundo dizem inspirou Eça de Queiroz para a criação do Ramalhete, onde moravam os Maias, bem próximo ao Museu, e descrito em detalhes ao início do romance. Quem for visitar Lisboa, não deixe de conhecer.

Recomendo a leitura: Balada do Mar Salgado - Roteiro da Lisboa Queirosiana
(17 de junho de 2014)


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Esta postagem do blog também aparece, revista e ampliada, no livro abaixo (em nossa Livraria Virtual)



Dia destes fui visitar o monumental Palácio e Convento de Mafra, em Portugal, mandado construir por D. João V no século XVIII para pagar uma promessa pelo nascimento de sua filha primogênita D. Maria Bárbara de Bragança. Lembrei-me do livro Memorial do Convento de Saramago, que gira em torno da construção destes edifícios. E, em menor escala, lembrei-me da passagem do livro Sabará 18 onde uma personagem quer nomear uma viela ou ladeira de Sabará, no Brasil, também em homenagem à Princesa da Beira, e outro personagem, revoltado, diz que ela já foi muito homenageada com a construção do Palácio de Mafra. De fato, o conjunto do Palácio e Convento é impressionante. Mas há uma preciosidade que merece destaque, sobretudo em blog que trata de livros. É a biblioteca, com um acervo de 36.000 volumes. Embora a visitação fique restrita à entrada, pode-se admirar de longe este verdadeiro repositório do saber da humanidade, como a coleção de incunábulos, obras produzidas antes do ano de 1500 com tipos móveis que imitavam o manuscrito. O Papa Bento XIV concedeu uma bula excomungando quem desviasse algum livro sem a permissão do Rei de Portugal. Bons tempos. E agora uma curiosidade. Sabem quem ajuda a conservar todos estes livros, a defendê-los dos insetos que teimam em querer devorar estas ricas páginas? Uma multidão de morcegos, que habita caixas estrategicamente colocadas e que à noite faz este trabalho de limpeza.
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Esta pintura de Nicolas Poussin (1637), que pode ser vista no Museu do Louvre, encerra um mistério fantástico, objeto de muitas especulações. Na versão mais conhecida do quadro (não se sabe bem por quê o pintor fez um outro quadro com o mesmo título e um pouco diferente), os pastores apontam para uma frase enigmática: Et in Arcadia Ego. Segundo uma interpretação, esta frase sem verbo significaria a morte dizendo que ela existe mesmo na utopia grega da Arcádia.
Acontece que um túmulo semelhante ao da pintura foi encontrado em uma pequena vila do sul da França chamada Rennes-le-Château, onde um humilde cura de aldeia (com cerca de 200 habitantes em fins do século XIX), de repente, ficou rico, não se sabe bem por que razão. Certamente, dizem, não foi com missas, casamentos e batizados.
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Conceição do Mato Dentro, terra de José Aparecido de Oliveira, talvez seja uma das joias menos conhecidas das cidades históricas de Minas Gerais, e no entanto riquíssima em arte barroca e tradições. Ainda outro dia tive o prazer de encontrar um livro fantástico sobre esta cidade mineira, ilustrado com fotos de tirar o fôlego (do fotógrafo Jorge Santos), introdução do político português Mário Soares, e textos que versam sobre as origens (atribuída a Gaspar Ponce de León), igrejas (em especial a matriz de Nossa Senhora da Conceição), costumes, folclore, os primeiros habitantes botocudos, festas populares, comida e muitas outras coisas. Conceição possui uma expressiva reserva mineral, que tem atraído diversos investimentos nacionais e estrangeiros, para um certo arrepio das entidades ambientalistas. Como ressalta Mário Soares, "o mito da ilha Brasil, de alcance universal, teve desdobramentos importantes na história brasileira". O Brasil transborda suas fronteiras, não apenas na América Latina, mas principalmente para a Europa. Agradeçamos ao Instituto Espinhaço, que em boa hora iniciou e conduziu este projeto, onde o livro é um dos resultados. A única coisa que ainda é preciso seria fazer uma nova edição, talvez em tamanho menor e preço mais acessível, ou transformá-lo em eBook, porque não? Conceição tem muita coisa para se ver e vale a pena conhecê-la. Conceição é mencionada algumas vezes no livro Sabará 18, já que ela fazia parte da enorme Comarca do Sabará. Mas, principalmente, Conceição tem o pastel de angu, cuja receita vem do tempo da escravidão (no século XVIII) e uma cachaça que não pode faltar aqui em casa: a Bento Velho.
(Livro "História Viva - Conceição do Mato Dentro")

(31 de julho de 2013)

A Livraria Lello & Irmão está localizada na Rua das Carmelitas 144, cidade do Porto, Portugal. É uma das mais bonitas livrarias do mundo, em cuja lista deveríamos também incluir a Livraria da Vila, em São Paulo, e a El Ateneo, em Buenos Aires.
A Lello atual teve seu início por iniciativa de um francês, Ernesto Chardron, em 1869. Depois foi adquirida por José Pinto de Sousa Lello em 1881 e deu início à famosa Lello & Irmão, como é conhecida desde 1919. A Livraria é uma parada obrigatória para todos os que visitam o Porto (assim como tomar um café no Majestic e dar uma passada pelas Caves do Vinho do Porto, acrescento eu). A arquitetura e o interior da Livraria são esplêndidos, muito embora pareça um estreito edifício pelo lado de fora. São destaques os vitrais e a Ponte do Encanto, como se vê ao lado. Quem gosta de livros e livrarias tradicionais e nunca foi lá tem que conhecer.

(12 de abril de 2013)


Em nossa Livraria 
Acabei de voltar de quase uma semana em BH, depois de uns cinco anos de ausência. Fiquei hospedado na avenida do Contorno, no que hoje chama-se apenas "Savassi". Andei calmamente pelos mesmos lugares onde passei tantas vezes na infância, de bonde, bicicleta e a pé.
Ainda me lembro perfeitamente do cheiro de pão sendo assado na Padaria Savassi, quando ia comprar minhas revistinhas na banca em frente. Olhei com nostalgia o velho Cine Pathé, meio desarvorado, onde assistia aos seriados nos sábados à tarde. Passei em frente ao local onde ficava o Armazém Colombo, que dá nome ao meu livro aí ao lado.
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A Casa Azul fica na antiga Rua Direita, em Sabará, e foi mandada construir pelo padre Antônio Correia (ou Corrêa?) no século XVIII, em frente à casa de seu irmão, o todo poderoso Vigário Geral da Comarca do Sabará, padre José Correia da Silva. Ambos são figuras históricas reais que aparecem na obra de ficção Sabará 18, de Carlos Gentil Vieira. Já a Casa Cinza, mencionada no mesmo livro, nunca existiu, que se saiba. Seria território de cristãos novos, judeus convertidos da Península Ibérica, que exerciam como podiam um certo sincretismo religioso, dentro do maior sigilo, para não atrair os olhares indiscretos dos vizinhos das Irmandades e a perseguição do Santo Ofício. A personagem Diane d'Anjour pede a ajuda do padre Antônio para criar um coral infantil na Capela de Santa Rita, infelizmente demolida para dar lugar a uma praça com coreto em Sabará. Visitem Sabará. (Foto Clarissa Horta Vieira)

(2 de março de 2013)

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